O saber a gente aprende com os mestres e com os livros. A sabedoria se aprende é coma vida e com os humildes.
Cora Coralina

sábado, 19 de outubro de 2013

Indicações bibliográficas

Autor: Steve Webb
Editora: Salamandra

Ola, mais um livro super legal.
Leia e se encante com
 
 VIVIANA
Rainha do Pijama
Numa certa manhã Viviana acorda toda animada e se pergunta
o que  será que os animais usam para dormir?
Toda animada resolve fazer  a festa do pijama
pra descobrir que animal tem o pijama
mais sensacional.

Ficou curiosa?
Então não deixe de ler.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Continuação de histórias


Ola pessoal!
Trabalhamos a história "A  operação de Tio Onofre" de Tatiana BELINKY na formação do Ler e Escrever  e achamos muito produtivo para trabalhar produção de texto com as crianças.  Primeiro leia uma parte da história e  só depois continue a história. Bom trabalho!!! 
 
A operação de Tio Onofre

Talita tinha a mania de dar nomes de gente aos objetos da casa, e tinham de ser nomes que rimassem. Assim, por exemplo, a mesa, para Talita, era Dona Teresa, a poltrona era Vó Gordona, o armário era o Doutor Mário. A escada era Dona Ada, a escrivaninha era Tia Sinhazinha, a lavadora era Prima Dora, e assim por diante.
Os pais de Talita achavam graça  e  topavam a brincadeira.  Então, podiam-se ouvir conversas tipo como esta:
— Filhinha, quer trazer o jornal que está em cima da Tia Sinhazinha!
— É pra já, papai. Espere sentado na Vó Gordona,  que eu vou num pé e volto noutro.
Ou então:
— Que amolação, Prima Dora está entupida, não lava nada! Precisa chamar o mecânico.
— Ainda bem que tem roupa limpa dentro do Doutor Mário, né mamãe?
E todos riam.
Mas uma tarde, Talita estava na sala com a mamãe, assistindo televisão, quando tocou a campainha. Talita correu e foi logo abrindo a porta, sem antes verificar quem era. E não é que eram dois ladrões?! Os mal-encarados sujeitos empurraram Talita e foram entrando, de armas apontadas:
— Isto é um assalto! Entregue o dinheiro e as joias, madame, e nem um pio, está ouvindo?!
Talita agarrou-se à mamãe, as duas mudas de susto.
— O cofre, rápida! — repetiu o ladrão, bravo. — Abra o cofre, rápido!
— É pra já, madame. Mexa-se, se não quer que aconteça nada com a menina — ameaçou o outro.
A mamãe — que remédio! — foi logo tirando o quadro que escondia a porta do cofre embutido na parede, e começou a mexer no segredo, nervosa, enquanto Talita olhava, apavorada.
Nisso, o telefone tocou. Uma, duas, três vezes.
— Só faltava isto! — resmungou um dos ladrões.
— Deve ser o papai  — murmurou Talita, quase chorando. —  Ele sempre telefona a tarde pra saber da gente...
— Droga! — rosnou o outro.  — Se ninguém responder, o homem vai estranhar...
— Então atenda logo — gritou o outro. — A senhora não, madame, cuide do cofre! — Você menina, atenda logo! E cuidado com o que vai dizer! Não deixe perceber nada, senão...
— Alô! —  obedeceu Talita, trêmula, enquanto o ladrão tirava o fone da extensão no vestíbulo, para ouvir a conversa.
— Talita? – era a voz do papai. — Tudo bem aí, filhota?
— Tu... tudo... be...bem...papai... — gaguejou Talita. E o ladrão olhou feio para ela.
— Talita — disse o papai — , avise a mamãe que eu vou chegar atrasado para o jantar... mais ou menos uma hora. Você está me ouvindo, filha?
— Es... estou... sim... Vo... você... vai  che...chegar... atra... trasado...
— A sua voz está diferente, Talita. Vocês estão bem mesmo?
O ladrão apontou a arma para a menina:
— Vê lá o que fala, e não gagueje! — sussurrou ele, ameaçador.
Então Talita fez um esforço, firmou a voz e respondeu:
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— Tudo bem, papai, eu e mamãe estamos bem. Só que um pouco preocupadas com o Tio Onofre.
— Tio Onofre? — estranhou o papai.
— Pois é, papai. Telefonaram agora há pouco, dizendo que o Tio Onofre teve uma crise de apendicite aguda e teve de ser operado de urgência. A esta hora já devem estar abrindo a barriga dele...
— É mesmo? — disse o papai, após pequena pausa. — Foi de repente, não é?
O ladrão, satisfeito com a resposta da menina, fazia sinais para ela terminar a conversa:
— Acabe logo com este papo furado! — sussurrou ele. E Talita apressou-se a obedecer:
— Eu falo pra mamãe que você vai chegar atrasado para o jantar. Até LOGO, papai! — E Talita desligou o telefone.
— Bem bom! — disse um ladrão para o outro. — Agora temos tempo de sobra para fazer o serviço!
— Mesmo assim, quanto mais depressa, melhor. Mexa-se, madame! Vai demorar muito pra abrir este cofre? — rosnou o ladrão.
As mãos da mamãe tremiam muito:
— O Senhor me deixa nervosa, com esta arma apontada... assim eu não consigo acertar o segredo...
— Pois não esquente, madame — falou o outro. — Não ouviu que o seu marido vai chegar muito atrasado? Temos tempo que chegue.
E, voltando-se para Talita, ordenou, apontando para a Vó Gordona:
— E você, menina, senta aí na poltrona e fica bem quietinha, enquanto meu colega e eu revistamos as gavetas da escrivaninha.
Os minutos passaram. Na sala, só se ouviam as vozes estridentes do desenho animado na televisão, abafando os outros ruídos.
E só Talita, porque estava muita atenta, ouviu o estalinho leve duma chave na fechadura da porta, enquanto a mamãe abria o cofre. E, bem no momento em que os ladrões se precipitavam para ver o conteúdo, a porta da entrada se abriu de repente, silenciosamente, e dois policiais irromperam na sala, apontado as armas nas costas dos bandidos:
— Polícia! Larguem as armas! Mãos ao alto!
Atrás dos policiais, entrou correndo o pai de Talita, de braços abertos:
— Graças a Deus, vocês estão bem! — E ele envolveu a mulher e a filha num só grande abraço.
As duas até choraram de emoção e alívio.
E depois que acabou a agitação e os dois policiais levaram os assaltantes presos, a mamãe perguntou ao papai:
— Mas, querido, você não disse que ia chegar atrasado? Como foi que adivinhou o que estava acontecendo e chegou assim, em cima da hora?
O papai piscou um olho para a Talita.
— E desde quando a nossa filha tem um tio chamado Onofre? Onofre? Aqui em casa, só rima com cofre. E se o cofre-Onofre estava sendo operado... se estavam “abrindo a barriga dele”, bem...
E todos os três caíram na gargalhada.

                                       BELINKY, Tatiana. A operação do Tio Onofre: uma história policial. São Paulo: Ática, 1990.

Dicas de alfabetização

                                      Sobre as atividades permanentes de alfabetização[1]

Atividades permanentes são situações didáticas cujo objetivo é constituir atitudes, desenvolver hábitos e procedimentos, favorecer a familiaridade e/ou a reflexão sobre um tipo de conteúdo etc. Pressupõe um trabalho regular – de periodicidade semanal, quinzenal, diária... – que acontece de forma sistemática e previsível durante o tempo necessário para que o objetivo pretendido seja alcançado. Como a característica principal dessas atividades é a regularidade, elas são privilegiadas para o contato intenso com um determinado conteúdo, daí a sua importância no período da alfabetização.
Seguem inicialmente algumas sugestões que não são específicas para alfabetizar.  
 “‘Você sabia?’ – momento em que se discutem assuntos/temas de interesse das crianças. ‘Como viviam os dinossauros?’ ‘Por que a água do mar é salgada?’ ‘Como as crianças indígenas brincam?’. Cada aluno ou grupo pode se encarregar de tentar descobrir respostas para as perguntas. O professor também pode trazer, para esse momento, suas observações sobre o que mais mobiliza sua turma, em termos de curiosidade científica. É hora de trazer conteúdos das outras áreas curriculares: História, Geografia, Ciências, Matemática, Educação Física, como objeto de leitura e discussão.
Notícia da hora: momento reservado às notícias que mais chamaram a atenção das crianças na semana. Hora de exercitar o relato oral da criança que, por sua vez, vai aprendendo cada vez mais a relatar oralmente em situações como essas.
Nossa semana foi assim... Momento em que se retoma, de forma sucinta, o trabalho desenvolvido e se auxilia as crianças no relato e na síntese do que aprenderam; em que a memória de um pode/deve ser complementada com a fala do outro; em que o professor faz uma síntese escrita na lousa ou em cópias no papel ou de qualquer outro modo. Enfim, é hora de sistematizar, um pouco mais, as aprendizagens da semana: O que sabíamos? O que aprendemos? O que queremos aprender mais?
‘Vamos brincar?’ momento em que se ‘brinca por brincar’, em pequenos grupos, meninas com meninos, só meninas, só meninos, em duplas, em trios, sozinhos. É hora de o professor/a professora garantir a brincadeira, organizando, com as crianças, tempos, espaços e materiais para esse fim. É hora de observar as crianças nesse ‘importante fazer’. É hora de registrar essas observações para que possam ajudar o/a professor(a) a planejar outras atividades, a partir de um maior conhecimento sobre a turma, sobre cada criança.
Fazendo arte: momento reservado para as crianças conhecerem um artista específico (músico, poeta, pintor, escultor, etc.): sua obra, sua vida. Pode ser hora ainda de ‘fazer à moda de...’, em que as crianças realizam releituras de artistas e obras. Pode também ser momento de autoria de cada criança, por meio de sua expressão verbal, plástica, sonora.
Cantando e se encantando – momento em que se privilegiam as músicas que as crianças conhecem e gostam de cantar, sozinhas, todas juntas. É hora também de ouvir músicas de estilos e compositores variados, como forma de ampliação de repertório e gosto musical.
Comunidade, muito prazer! – momento em que se convidam artistas da região ou profissionais especializados (bombeiros, eletricistas, engenheiros, professores, repentistas, contadores de histórias, etc.) para irem à escola e fazerem uma apresentação/palestra/conversa. O evento demanda ação das crianças junto com o/a professor(a): elaborar o cronograma, selecionar as pessoas, fazer o convite, organizar a apresentação da pessoa, avaliar a atividade, etc.
A família também ensina... momento em que se convidam mãe, pai, avô, avó, tio, tia para contar histórias, fazer uma receita culinária, contar como se brincava em sua época, cantar com as crianças. É a família enriquecendo seus laços com a escola e com as crianças. É a família compartilhando seus saberes.
Descobri na Internet – para as crianças que têm acesso em casa ou na comunidade à rede mundial de computadores, é possível reservar um momento para as descobertas que realizam, a partir dessa ferramenta de informação.
Leitura diária feita pelo(a) professor(a) – momento em que se lê para as crianças. É momento de o leitor experiente ajudar a ampliar o repertório dos leitores iniciantes. É possível, por exemplo, ler uma história longa em capítulos, como se liam os folhetins, como se acompanha uma novela na TV, mas também se pode ler histórias curtas, como fábulas, crônicas, etc. Ou ler poemas, com muita expressividade, enfatizando aqueles cuja sonoridade das palavras, cujo jogo verbal são as tônicas da construção poética.
Roda semanal de leitura – com as possibilidades referidas e outras ainda, como, por exemplo, quando as crianças selecionam, de própria escolha, em casa, na biblioteca (de classe, da escola ou da cidade) livros/textos/gibis para ler em dias e horários predeterminados. Podem depois conversar sobre o que leram para seus colegas. São leitores influenciando leitores. São leitores partilhando leituras.[2]
 
Atividades permanentes de alfabetização[3]
 As atividades permanentes de alfabetização são situações de ensino e aprendizagem a serem propostas diariamente às crianças, até que elas se alfabetizem. São atividades orientadas pelo princípio metodológico da resolução de problemas, pelo propósito de favorecer a compreensão das regras de geração da escrita alfabética e pelo entendimento de que a alfabetização é resultado de um exercício permanente de análise e reflexão sobre a língua.
O princípio metodológico da resolução de problemas pressupõe que essas atividades sejam sempre situações desafiadoras, ou seja, ao mesmo tempo difíceis e possíveis de fazer. Para tanto, em se tratando da alfabetização, é condição o professor conhecer as hipóteses de escrita das crianças, para adequar a tarefa ao que elas podem realizar e para agrupá-las de modo que possam trabalhar produtivamente, aprendendo umas com as outras, ajudando-se umas as outras, questionando-se...
Uma atividade desse tipo é uma situação de aprendizagem de fato quando[4]:
°      as crianças precisam pôr em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o conteúdo em torno do qual o professor organizou a tarefa;
°      as crianças têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõem a produzir;
°      o conteúdo trabalhado mantém suas características de objeto sociocultural real sem transformar-se em objeto escolar vazio de significado social;
°      a organização da tarefa pelo professor garante a máxima circulação de informação possível.
Sempre que possível, as atividades permanentes de alfabetização devem ser articuladas a outras propostas de trabalho e/ou situações cotidianas vivenciadas pelas crianças. Como por exemplo: 

Objetivo
(Capacidades   de uso da linguagem)
Conteúdos
(O que é preciso ensinar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam)
 Propostas de atividade
Situações de ensino e aprendizagem  para trabalhar com os conteúdos)
Produzir uma escrita alfabética ou que dela se aproxime.
 
       Uso progressivo, para ler e escrever:
    - de diferentes estratégias de leitura
   -    do conhecimento sobre como funciona o sistema alfabético de escrita
  - do conhecimento sobre a separação entre as palavras.
°      Escrita de texto conhecido levando em conta o gênero e o contexto de produção, de acordo com sua hipótese de escrita.
°      Reescrita de texto conhecido, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, ditando-o ao professor ou escrevendo de acordo com a hipótese de escrita.
 
 
 
       Situações de leitura para refletir sobre o funcionamento do sistema alfabético, como por exemplo:
-          Ordenação de textos que sabe de cor
-          Cruzadinhas acompanhadas de uma lista de palavras para consulta
-          Adivinhas acompanhadas de lista de palavras com as respostas
-          Ditado cantado (encontrar palavras definidas pelo professor em textos poéticos e narrativos)
-          Listas compostas por palavras de um mesmo campo semântico (frutas, brincadeiras, títulos de histórias etc.) onde as crianças precisem encontrar a palavra solicitada pelo professor
-          Pareamento entre trechos de histórias e seu título.
°      Situações de leitura e escrita que envolvam palavras estáveis – como nomes próprios, por exemplo.
°      Situações de escrita para refletir sobre o funcionamento do sistema alfabético, como por exemplo:
-          Escrita de textos que sabe de cor
-          Reescrita de textos ou partes deles (individual ou em dupla)
-          Escrita de uma adivinha a partir das respostas
-          Escrita de listas de palavras de um mesmo campo semântico (nomes das crianças, brincadeiras, brinquedos, animais, frutas, material escolar, partes do corpo, compras a serem feitas etc), de preferência a partir de outras propostas realizadas ou de acontecimentos do cotidiano
-          Escrita em dupla de bilhetes, recados, avisos
-          Preenchimento de cruzadinha sem a relação de palavras (quando as crianças já apresentam escritas silábico-alfabéticas)
-          Escrita de títulos de histórias a partir de trechos lidos pelo professor.

Como se pode ver, as atividades da terceira coluna do quadro acima são todas de ‘ler sem saber ler’ e de ‘escrever sem saber escrever convencionalmente’. Nesse caso, a criança precisa pôr em uso diferentes (e complexos) procedimentos de análise e reflexão sobre a escrita:
°      Para poder ler textos quando ainda não sabe ler convencionalmente, é necessário que utilize o conhecimento de que dispõe sobre a escrita e ter informações parciais acerca do conteúdo do texto, podendo assim fazer suposições a respeito do que pode estar escrito.
°      Para poder escrever textos quando ainda não se sabe escrever, é preciso que escolha quantas e quais letras vai utilizar – e, se a proposta for trabalhar junto com um colega que faz outras opções de uso das letras, refletir a respeito de escolhas diferentes para as mesmas necessidades.
°      Para poder interpretar a própria escrita quando ainda não sabe ler e escrever, é preciso justificar as escolhas feitas, para si mesma e para os outros, com todas as explicações que isso demanda: por que sobram letras, ou por que elas parecem estar fora de ordem, por que parece estar escrito errado conforme seu próprio critério etc.
Segue abaixo alguns tipos de propostas destinadas às crianças que ainda não compreenderam como funciona a escrita alfabética, ou seja, que não compreenderam a correspondência letra-fonema.
 “Quando as crianças ainda não estabelecem relação entre fala e escrita é fundamental criar situações de aprendizagem para que:

°      Assistam muitos atos de leitura em que é mostrado onde está escrito o que se lê;
°      ‘leiam’ textos cujo conteúdo sabem de cor, recebendo previamente a informação de qual texto é, para que possam tentar ajustar o que sabem que está escrito com a própria escrita;
°      Escrevam pequenos textos (que lhes façam sentido) e ‘leiam’ suas escritas para o professor, justificando suas escolhas;
°      Trabalhem com colegas que já compreenderam que há relação entre fala e escrita, mas que ainda não estejam alfabetizados;
°      Realizem atividades com o próprio nome e com os nomes de pessoas que gostem.

Quando já estabeleceram relação entre fala e escrita, mas ainda não compreenderam a natureza da correspondência letra-som, é fundamental planejar situações de aprendizagem em que, além de procedimentos semelhantes aos descritos acima, as crianças:
°      ‘leiam’ textos fazendo uso de outras estratégias de leitura além da decodificação (ou seja, estratégias de antecipação, inferência, seleção, verificação);
°      Sejam desafiadas a pensar no valor sonoro convencional das letras;
°      Interajam com colegas que dão soluções diferentes para os desafios colocados pelas atividades – por exemplo, quem que já tem algum conhecimento do valor sonoro convencional das letras trabalhando com quem que ainda não tem.
E, quando compreenderam muito recentemente a escrita alfabética, é fundamental planejar situações de aprendizagem para que as crianças:  
°      Leiam muitos textos de conteúdo parcialmente conhecido, de forma a se sentirem seguras para ler cada vez mais;
°      Realizem atividades que coloquem em questão a divisão do texto em palavras e a ortografia;
°      Trabalhem com colegas que já considerem a divisão do texto em palavras e a ortografia.”
Assim, o trabalho com atividades permanentes de alfabetização deve começar pela familiarização das crianças em relação aos procedimentos necessários para ‘ler sem saber ler’ e ‘escrever sem saber escrever’. É fazendo esse tipo de atividade que elas vão compreendendo como é possível proceder... De início, com ajuda do professor, depois, com os colegas e depois sozinha. É isso o que tem sido chamado de delegação progressiva de responsabilidade: à medida que as crianças vão se familiarizando com uma tarefa que não lhes é ainda conhecida, o professor vai passando da posição central para a de monitor – quando eles assumem a gradualmente responsabilidade de execução da tarefa.

Detalhando alguns tipos de atividades



ATIVIDADE

O QUE O PROFESSOR PRECISA FAZER
O QUE AS CRIANÇAS PRECISAM SABER
O QUE AS CRIANÇAS PRECISAM FAZER
Leitura de listas
       Agrupar as crianças ajustando o nível de desafio às suas possibilidades, para que tenham problemas a resolver (ver o quadro abaixo Considerando o conhecimento das crianças).
       Apresentar a lista dizendo do que ela é.
       Propor a tarefa às crianças.
       Solicitar que elas socializem as respostas dizendo como foram encontradas.
       O conteúdo das listas.
       Ouvir o que pede o professor.
       Ler na lista o que foi solicitado pelo professor.
       Discutir com o colega para encontrar a palavra/título/frase solicitada.
       Compartilhar com os colegas as respostas encontradas.
Ordenação de textos (músicas, parlendas, poesias e outros textos poéticos)
 
       Agrupar as crianças ajustando o nível de desafio às suas possibilidades, para que tenham problemas a resolver (ver o quadro abaixo).
       Informar qual é o texto que será ordenado, solicitando que a classe fale-o em uníssono.
       Ler a tarefa para as crianças.
       Solicitar que ao final da atividade elas socializem as respostas dizendo como foram encontradas.
       Saber o texto de memória.  
® Importante: Para realizar essas atividades os alunos devem saber o texto de memória, mas não precisam conhecer a escrita do texto. Se o texto fizer parte de algum material escrito (livro, cartaz, caderno de leitura...) utilizado pela classe,  ele não deverá ser consultado quando da realização da atividade.
       Ouvir o que pede o professor.
       Discutir com o colega para encontrar o verso ou palavra.
       Ordenar o texto.
       Compartilhar com a classe a ordenação.
VARIAÇÃO PARA ALUNOS COM ESCRITA ALFABÉTICA E SILÁBICO-ALFABÉTICA
       Entregar para as crianças só as letras móveis necessárias para escrever a música, poesia ou parlenda informando que eles estão recebendo todas as letras necessárias para escrever o texto (se for curto) ou determinado trecho (se o texto for longo) e que não deve sobrar (e nem faltará) nenhuma letra
OU
       Solicitar que escrevam o texto.
Leitura de respostas a adivinhas
       Agrupar as crianças ajustando o nível de desafio às suas possibilidades, para que tenham problemas a resolver (ver o quadro abaixo).
       Ler a adivinha para as crianças.
       Propor a tarefa.
       Solicitar que as crianças socializem as respostas dizendo como foram encontradas.
       A resposta da adivinha.
       Ouvir a leitura feita pelo professor.
       Ler o que foi solicitado pelo professor.
       Discutir com o colega para encontrar a  resposta da adivinha.
       Compartilhar com os colegas as respostas encontradas.
VARIAÇÕES PARA ALUNOS COM ESCRITA ALFABÉTICA OU SILÁBICO-ALFABÉTICA
       Propor que as crianças leiam a adivinha e encontrem a resposta
OU
       Pedir que leiam a adivinha e escrevam a resposta.
Leitura de palavras de uma lista para preencher uma cruzadinha
       Agrupar as crianças ajustando o nível de desafio às suas possibilidades, para que tenham problemas a resolver (ver o quadro abaixo).
       Propor a tarefa.
       Solicitar que as crianças socializem as respostas dizendo como foram encontradas.
       Que devem encontrar a palavra correta na lista dentre várias de mesma quantidade de letras (algumas que, inclusive, começam e terminam igual).
       Contar o número de quadradinhos correspondente à figura escolhida para iniciar (assim saberá quantas letras tem a palavra a ser procurada).
       Ler as palavras para encontrar o nome equivalente à figura.
       Discutir com o colega para encontrar o nome procurado.
       Copiar a palavra que se julga a correta.
       Compartilhar com os colegas as respostas encontradas.
VARIAÇÕES PARA ALUNOS COM ESCRITA ALFABÉTICA OU SILÁBICO-ALFABÉTICA
       Distribuir uma folha com a mesma cruzadinha, mas sem a lista de palavras.
       Propor que as crianças preencham a cruzadinha como se faz palavras cruzadas habitualmente.

CONSIDERANDO O CONHECIMENTO DAS CRIANÇAS

Crianças não-alfabetizadas:
       As crianças com escrita silábica, que já fazem uso do conhecimento sobre o valor sonoro convencional das letras, podem ser agrupadas com crianças de escrita silábica que fazem pouco uso desse conhecimento ou que desconhecem o valor sonoro ou com crianças de escrita pré-silábica.
       É fundamental que as crianças com escrita pré-silábica não sejam agrupadas entre si para realizarem esse tipo de atividades de leitura: para elas, é importante a interação com quem já sabe que a escrita representa a fala, o que elas ainda não descobriram.
Crianças de escrita silábico-alfabética ou alfabética:
       As atividades podem ser transformadas em atividade de escrita: nesse caso, a tarefa é escrever as palavras e não lê-las.

Acima, há apenas alguns tipos de atividade, todos de leitura. Optamos por detalhar um pouco mais as atividades de leitura porque as de escrita em geral são mais familiares de todos.
As atividades permanentes de alfabetização não variam muito, pois o mais importante nesse caso não é a novidade, mas sim a possibilidade de mobilizar os procedimentos que podem fazer com que as crianças analisem o funcionamento da escrita alfabética. De qualquer modo, segue abaixo uma relação de variações (não só para as atividades de alfabetização), que podem sugerir idéias de como introduzir mudanças nas propostas.
As variações são possíveis em relação a: 
       “material (lápis, caneta...), instrumento (à mão, à máquina, no computador...) ou suporte (em papel comum ou especial, na lousa, com letras móveis...);
       tipo de atividade: escutar, ler, escrever, recitar, ditar, copiar etc.;
       unidade lingüística (palavra, frase, texto);
       gênero de texto;
       modalidade (oralmente ou por escrito);
       tipo de registro ou de instrumento utilizado (com ou sem gravador, com ou sem vídeo ou por escrito);
       conteúdo temático (sobre o quê);
       estratégia didática (com ou sem preparação prévia, com ou sem ajuda do professor, com ou sem consulta...);
       duração (mais curta, mais longa...) e freqüência (pela primeira vez, freqüentemente...);
       tamanho e tipo de letra;
       circunstância, destino e objetivo (quem, onde, quando, de que modo, a quem, para que... etc.);
       tipo de agrupamento (individual, em dupla, em grupos maiores);
       com ou sem algum tipo de restrição explícita  (sem erros, com pontuação, com letra bonita, com separação entre palavras, etc.)”.[5]
 
Uma atividade se transforma em outra se, por exemplo, de individual passa a ser em dupla ou é realizada com toda a classe – e vice-versa. O mesmo ocorre se for feita com ajuda ou sem ajuda, com ou sem consulta, com ou sem rascunho, de uma só vez ou em duas ou mais vezes, no caderno ou em papel especial para ser exposto num mural, com letras móveis, com cartões, na lousa, no computador ou escrito a lápis... 

 [1] Material organizado por Rosaura Soligo e Rosangela Veliago com contribuições de Rosa Maria Antunes de Barros.
[2] Estas sugestões constam do documento Ensino Fundamental de 9 anos - Orientações para a inclusão de crianças de seis anos de idade (Brasília: SEB/MEC, 2006).
[3] Os tipos de atividade aqui sugeridos fazem sentido apenas quando a concepção de alfabetização coincide com a que é proposta nos Cadernos 1 e 2: descontextualizadas, elas podem ser pouco úteis ou mesmo de difícil operacionalização.
[4] Tal como formulou Telma Weisz e como se divulgou amplamente no Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (SEF/MEC, 2001).
[5] Texto adaptado a partir do item Quinze possíveis variações: instruções de uso, In Aprendendo a escrever, de Ana Teberosky, Editora Ática, 1997.